Dentro de um ano e meio, empresa vai se transferir para Goiás, onde ICMS de combustível é mais baixo
O presidente da aérea, José Luiz Felício Filho, disse que a mudança da companhia aérea é um "caminho sem volta"
LEANDRO MARTINS
DE RIBEIRÃO PRETO
A companhia aérea Passaredo, segunda maior do segmento regional no país, vai transferir sua sede de Ribeirão Preto para Goiânia, motivada principalmente por benefícios fiscais oferecidos pelo governo de Goiás.
O presidente da companhia, José Luiz Felício Filho, disse que a mudança é um "caminho sem volta" e deve ser efetivada em um ano e meio, prazo necessário para construção de novos hangares no aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia.
Ele calcula em cerca de 600 os empregos que serão fechados em Ribeirão Preto e reabertos em Goiás nas áreas técnica e operacional -no total, a Passaredo tem aproximadamente mil contratados.
Apesar da mudança, a empresa deverá continuar a oferecer voos em Ribeirão.
A companhia negocia com a Infraero a autorização para utilizar uma área de 18 mil m2 no aeroporto de Goiânia.
A empresa deve investir de R$ 10 milhões a R$ 12 milhões na construção de novos hangares, que abrigarão áreas de manutenção e de treinamento, que hoje funcionam em Ribeirão.
Uma das principais razões para a mudança é a redução de 15% para 3% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre querosene de aviação aprovada em novembro do ano passado em Goiás.
NEGOCIAÇÃO
Segundo Felício Filho, o combustível representa de 35% a 40% dos custos de um voo. Em São Paulo, o ICMS sobre o querosene é de 25%.
"Hoje, como o maior custo da companhia é o combustível, é um atrativo muito forte essa redução [de ICMS em Goiás]", disse o presidente.
As negociações para a transferência das operações para Goiânia ocorrem desde 2010, mas ganharam força no início deste ano.
Na segunda-feira da semana passada, diretores da Passaredo foram recebidos pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), para tratar da mudança de Estado.
Um pouco antes, no último dia 10, uma comitiva de representantes do governo goiano esteve na sede da empresa em Ribeirão para conhecer detalhes da operação da Passaredo.
Integrante dessa comitiva, o gerente de políticas de aviação regional de Goiás, Alexandre Alberto Guerra, disse que a questão geográfica também favorece o acordo, já que a Passaredo poderá posicionar sua distribuição de voos bem na região central.
O presidente da Passaredo reforça esse argumento. Segundo ele, o "hub" -base operacional- em Goiânia facilitará a conexão de rotas para o Norte e Nordeste.
LEITE LOPES
Outro ponto que pesou na decisão da empresa é a situação que envolve o aeroporto Leite Lopes.
De acordo com o presidente da Passaredo, a indefinição sobre se o terminal será mantido ou se a cidade ganhará novo aeroporto causou "insegurança".
Em 2009, segundo a Anac, a Passaredo transportou 373,3 mil passageiros, ficando em segundo entre as companhias regionais -a líder é aTrip, com 1,9 milhão.
RAIO-X DA PASSAREDO
NOME
Passaredo Linhas Aéreas
SEDE
Ribeirão Preto (SP)
FUNCIONÁRIOS
1.000
DESTINOS
19
RECEITA BRUTA EM 2009
R$ 105,7 milhões
LUCRO EM 2009
R$ 1,6 milhão
HISTÓRICO
Fundada em 1995, a empresa suspendeu as operações em 2003 devido a problemas financeiros. Voltou em 2004 e, desde então, tem crescido. Em 2009, transportou 373 mil pessoas, o segundo maior volume entre as companhias regionais e o sétimo, no geral
Fonte: Anac e Passaredo
www.folharibeirao.com.br
Prefeita diz acreditar que decisão não é oficial
DE RIBEIRÃO PRETO
A prefeita de Ribeirão, Dárcy Vera (DEM), disse ontem que não sabia quais eram os benefícios fiscais oferecidos pelo Estado de Goiás para a Passaredo, mas que "fará de tudo" para que a companhia fique na cidade.
Em nota, a prefeita disse que foi informada pela direção da Passaredo sobre o "convite" do governo de Goiás para a transferência.
Apesar de o presidente da companhia, José Luiz Felício Filho, ter dito à Folha que a mudança é "um caminho sem volta", Dárcy disse acreditar que a decisão da empresa ainda não é oficial.
Ela informou também que marcou para amanhã, às 11h, uma reunião com a diretoria da companhia aérea.
"Farei de tudo para que a empresa fique na cidade, pois ela nasceu aqui. Conhecendo a proposta [de Goiás], irei também ao governador do Estado, Geraldo Alckmin [PSDB], brigar pelos mesmos incentivos", disse.
O presidente da Passaredo diz não acreditar que o governo de São Paulo tenha interesse em alterar a alíquota de ICMS para o querosene de aviação, que é de 25%.
Segundo ele, o pedido foi feito ao Estado há dois anos. "A gente não sentiu essa vontade do Estado de São Paulo em querer resolver essa questão", afirmou Felício Filho.
Procurada ontem, a Secretaria de Estado da Fazenda, órgão responsável no governo por questões tributárias, não falou sobre o assunto.
INFRAERO
Já sobre a negociação para uso de áreas no aeroporto Santa Genoveva pela Passaredo, a Infraero, que administra o terminal, confirmou que já foi procurada.
Segundo a assessoria da estatal, a Passaredo fez um primeiro contato para tratar do assunto, mas ainda não forneceu detalhes.
A assessoria disse que as áreas pertencem à União e que a cessão de uso segue normas da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Passaredo vai onde é mais barato, e a Prefeita näo vai resolver o problema do ICMS, que é do Estado.
ResponderExcluirJá trabalhei na Passaredo, só tem calotero.
ResponderExcluirSão um bando de safados, alem de trabalhar fora das normas da aviação civil.
Devem tá querendo aplicar outro golpe. Como já fizeram anteriormente, quando fecharam a empresa e deixaram todos na mão.