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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Série mostra situação dos aeroportos nas cidades-sede da Copa do Mundo - Jornal da Globo.

Infraestrutura dos aeroportos não acompanha o crescimento do setor

Diferentes estudos sobre os aeroportos mostram que sem grandes investimentos, a infraestrutura está à beira de um colapso. Só no ano passado, foram 155 milhões de passageiros, um crescimento recorde de 21% em relação a 2009, segundo a Infraero.


Viajar de avião no Brasil não é mais símbolo de classe social, mas é um símbolo de como a falta de planejamento e investimento evitam que ainda mais gente possa voar.
A oferta de assentos nos aviões não consegue acompanhar o crescimento do mercado aéreo doméstico, e a causa principal é a precária infraestrutura aeroportuária.
O metrô da maior capital do país não vai até o aeroporto, mas o avião já chegou ao local. Estação da sé, centro de São Paulo. A fila em uma plataforma é para comprar passagens aéreas.
“Avião é igual celular. Antigamente era luxo hoje já é necessidade”, diz a vendedora de farmácia Maria Luiza de Carvalho.
Até a década de 70, embarcar nas primeiras linhas aéreas do país era praticamente um evento. Tempo de glamour e preços nas alturas. Aí vieram as mudanças na legislação tarifária, estabilidade da economia e aumento da concorrência.
A passagem aérea ficou quase 50% mais barata em cinco anos. Tão popular que estamos viajando mais de avião do que de ônibus. Só que a infraestrutura dos aeroportos não decolou com o resto do setor.
Só no ano passado, foram 155 milhões de passageiros, um crescimento recorde de 21% em relação a 2009, segundo a Infraero.
A empresa administra 67 aeroportos que respondem por 97% do tráfego aéreo regular do Brasil e afirma que investiu R$ 6,23 bilhões em dez anos.
A Ong Contas Abertas - que acompanha o uso do dinheiro público - diz que não foi bem assim. Em nenhum ano o valor previsto foi totalmente aplicado. Em 2008, por exemplo, apenas 17% foram realmente usados. Em 2010, 59%.
Diferentes estudos sobre os aeroportos do país chegaram ao mesmo resultado: sem grandes investimentos, a infraestrutura está à beira de um colapso.
“Os aeroportos hoje já passaram da sua capacidade em termos de pátio de aeronaves e terminal de passageiros”, afirma o professor Elton Fernandes.
Os estudos mostram em números o tamanho do desafio. Dos 20 maiores aeroportos do país, apenas três não deixam o passageiro no aperto. Catorze estão em situação crítica.
O que dá pra observar nas longas filas nos poucos balcões de check in, nos aparelhos de raios-X e nas cabines de controle de passaporte em voos internacionais.
“Hoje o maior gargalo das companhias aéreas brasileiras no Brasil é a questão dos terminais de passageiros. Poucos subdimensionados para o tamanho do mercado atual”, explica a vice-presidente de mercado da Gol, Cláudia Pagnano.
Há ainda outra parte do problema que o passageiro nem sempre percebe: metade dos principais terminais do país opera com algum tipo de restrição para pousos e decolagens porque os pátios dos aeroportos estão sempre cheios.
Dependendo do horário, o piloto é obrigado a esperar para encostar na ponte de embarque - o chamado finger. O que vai provocar atrasos e trocas de portões nas salas de embarque.
Dos 17 aeroportos que servirão às cidades-sedes da Copa, nove tem apenas uma pista de pouso e decolagem.
O que pode causar situações como a de um avião que pousa e é obrigado a manobrar na própria pista para chegar ao pátio de desembarque. Enquanto isso, outras aeronaves não podem decolar ou aterrissar.
Do lado de fora, também há problemas. Chegar ou sair dos terminais está cada vez mais difícil.
Enquanto nos dez maiores aeroportos do mundo o passageiro tem como opção o trem, no Brasil só nos resta ficar no trânsito.
“É uma coisa que não depende só da administração da infraestrutura, mas dessa falta de uma conivência entre estado município e o aeroporto. Porque todos se beneficiam com uma melhor acessibilidade”, diz o professor Elton Fernandes.
“Temos visto muito é que o administrador do aeroporto culpa as empresas aéreas, que culpa a Polícia Federal, que culpa a Anvisa, que culpa a Receita, todos tem que ser parceiros e isso é muito importante principalmente pelo que nós temos pela frente com relação aos eventos internacionais”, fala pó professor de transporte aéreo da UFRJ, Respício do Espírito Santo.
O diretor-geral da associação internacional das empresas aéreas, Giovanni Bisignani, resume assim a atual situação dos aeroportos brasileiros: “És una lástima”.
Para Giovanni Bisignani, o país que tem a 8º economia do mundo não deveria ter aeroportos que constrangem brasileiros e turistas.
“Nós precisamos acompanhar o crescimento da economia brasileira, o crescimento da distribuição de renda no Brasil, coisa que nós sempre estivemos sinalizando, sinalizando, e a infraestrutura não acompanhou”, diz Respício.
“Acho que o adicional de tráfego da Copa, vamos dizer, pode ser a gota d’ água, porque o copo está cheio. Poderia ser a Copa, qualquer coisa, o copo já está para transbordar”, avisa Elton.

2 comentários:

  1. Olá, gostaria de propor uma parceria com o seu blog. Meu blog> aeroportolondrina.blogspot.com

    Obrigado!

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  2. Matheus já estou adicionando aqui, bem legal seu blog. abç

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