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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Obras em aeroportos estratégicos estão em fase de projetos ou licitação - Jornal da Globo

A Infraero anunciou que vai investir R$ 5,23 bilhões em 13 aeroportos considerados estratégicos. Apenas três aeroportos ligados ao mundial têm obras em andamento atualmente. Veja como a África do Sul se preparou para o mundial de futebol. 

 

Faltam só 38 meses para a Copa de 2014. Para terminar o que precisa ser feito nos aeroportos brasileiros a Copa já acabou -- lição que, pelo jeito que andam as obras, não conseguimos aprender da África do Sul.
Daqui a três anos o Brasil vai estar no centro do mundo e das rotas internacionais que vão trazer turistas dos quatro cantos do planeta.
Teremos quase três milhões a mais de embarques e desembarques no país durante a Copa. Já imaginou como será a chegada de tanta gente nos nossos aeroportos? Nos horários de pico, hoje, pode chegar a 800 o número de aviões cruzando os céus do Brasil.
Não há estimativas oficiais, mas já se sabe que durante a Copa, além do aumento na aviação comercial regular, o país-sede também recebe um grande número de jatos executivos e aviões fretados.
“Com relação ao espaço aéreo eu lhe garanto que o Brasil está completamente bem preparado para receber esses tráfegos na Copa do Mundo”, fala o chefe do centro de operações Integradas do Recife, Ernane Roza de Castro.
A Infraero anunciou que vai investir R$ 5,23 bilhões em 13 aeroportos considerados estratégicos. A maioria das obras ainda está em fase de projeto ou licitação.
Guarulhos, em São Paulo - o aeroporto mais importante do país e com mais problemas - deve receber o maior volume de dinheiro.
O principal investimento promete tirar do papel uma obra discutida desde o fim dos anos 90. A construção do terminal três, que aumentaria a capacidade do aeroporto em sete milhões de passageiros por ano.
Mas até agora pouco mudou. Por enquanto só há algumas reformas na pista. Apenas outros três aeroportos ligados ao mundial têm obras em andamento hoje. Um deles, no Rio Grande do Norte, ainda nem existe.
Em Campinas, está sendo montada uma estrutura provisória para atender o aumento do número de passageiros.
No aeroporto internacional do Rio, a Infraero trabalha para concluir o terminal dois, que tinha uma parte sem uso há 12 anos por causa da pouca demanda. No mês passado, a maioria dos 20 operários que encontramos limpava paredes.
O ritmo de trabalho não é dos mais intensos. Segundo a Infraero, a obra entrou na fase de finalização. Os operários estão trabalhando na etapa de acabamento do prédio. E a previsão é de que esta segunda metade do terminal dois esteja pronta até agosto de 2012.
Dos investimentos previstos para a Copa, apenas 2,5% foram executados até agora. O cálculo é da Ong Contas Abertas.
Segundo um estudo do Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, dos 13 aeroportos com obras para a mundial, dez não ficarão prontos até 2014.
Quem conhece bem o setor vê outro grave problema: o que foi planejado não é suficiente.
“Eu diria que em termos de terminais de passageiros, áreas a serem construídas deveria ser de pelo menos o dobro”, afirma o professor da Coppe/UFRJ, Elton Fernandes.

“Já em 2014, 2016 muitas das ampliações físicas que estão sendo feitas agora já não vão dar conta”, explica o professor de transportes aéreos da UFRJ, Respício do Espírito Santo.
O que o Brasil deferia fazer? O que o último país sede da Copa pode nos ensinar? O repórter Renato Ribeiro foi até a África do Sul.
Diante do que a África do Sul fez, a realidade brasileira é preocupante. O Oliver Tambo é um aeroporto moderno, espaçoso e funcional. Porta de entrada do país e do continente africano.
A reforma no aeroporto de Joanesburgo demorou cinco anos. Começou em 2004. Exatamente um mês depois da escolha da África do Sul como sede da Copa. Houve tempo de sobra e a obra terminou em maio de 2009, um ano antes do mundial.
“Há um crescimento no número de passageiros. Precisávamos de uma obra desse porte mesmo que não houvesse Copa", explica a diretora de comunicação da empresa que administra o aeroporto.
E se pensou além da Copa. Hoje, o Oliver Tambo pode ter até 28 milhões de passageiros por ano. Mas recebe apenas 19 milhões.
Mas é nos detalhes que se vê a grandeza da obra. Os carrinhos são especiais. Andam na escada rolante, evitando filas em elevadores.
Há dois hotéis e 16 mil vagas de carros. São dois edifícios-garagem com painéis eletrônicos que indicam as vagas disponíveis já na estrada. Depois, na entrada, em cada andar, em cada fila.
Junto ao aeroporto, há algo que para nós brasileiros não existe: um trem. É possível entrar no vagão e ir para a cidade em 14 minutos. Em toda a África do Sul se gastou cerca de R$ 4 bilhões em oito aeroportos.
A cidade do Cabo, campeã de turismo no país, também ganhou um novo aeroporto e dobrou a capacidade, mas ficou pronto só um mês antes do mundial.
Apesar de todos os investimentos, a África do Sul enfrentou um problema grave: o tráfego aéreo, responsável por um dos maiores vexames durante a Copa.
Na semifinal, cinco mil torcedores com ingresso não viram a Espanha vencer a Alemanha. Não conseguiram pousar. O novo aeroporto de Durban não deu conta de receber inúmeros voos privados em jatinhos, carregando personalidades e dirigentes. E havia mais aviões no ar que o permitido. Entre erros e acertos, a Copa deixou para os sul-africanos aeroportos novos e que funcionam. Numa Copa, a primeira e a última impressão são as que ficam.
No Brasil, os especialistas só enxergam uma saída: correr contra o tempo. “Cada vez mais o brasileiro viaja, cada vez mais teremos turistas vindo pra cá puxados por esses mega eventos, então precisamos nos preparar muito mais do que na velocidade que nós estamos preparando”, diz Respício.

“Falta a gente gerar e definir o mais rápido possível qual o modelo para a participação de todos esses agentes no investimento e na retirada destes gargalos da infraestrutura dos aeroportos no Brasil”, fala o presidente da Tam. Marco Bologna.

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