Laudo inicial sobre o acidente do último dia 1º, em que avião derrapou, pode sair em até 30 dias
As condições de segurança da pista do Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto, estão longe das ideais. Essa é a constatação de dois pilotos ouvidos pela reportagem, que preferiram não se identificar. No último sábado, um avião da Passaredo derrapou ao aterrissar na pista e foi parar no gramado.
Segundo os pilotos, a pista não possui Grooving, as ranhuras que auxiliam não só a escoar a água, mas também dão adesão e atrito, ajudando a evitar aquaplanagem em pousos.
O Leite Lopes também não tem outros equipamentos importantes de segurança. Um deles é o ILS, um sistema de aproximação por instrumentos que funciona como uma "rampa virtual", dando o ângulo e o alinhamento que a aeronave deve apresentar na aterrissagem.
O Aeroporto de Bauru, com movimento oito vezes menor que o de Ribeirão, porém mais moderno, possui o ILS. Segundo um dos pilotos, a falta desses dois equipamentos pode ter contribuído para o acidente no sábado. (corrigindo a reportagem o aeroporto de Bauru também não possui ILS)
O Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp) admitiu que o aeroporto não tem o Grooving e o ILS, mas garantiu que as operações sem eles são seguras.
Sobre o Grooving, o órgão informou que já contratou um levantamento sobre as condições de atrito da pista de todos os aeroportos estaduais, e que o de Ribeirão deve ser feito neste semestre.
O Daesp afirmou que em relação às condições de segurança da pista, o Leite Lopes é avalizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
A reportagem procurou a Infraero para falar sobre a inoperância do VOR, equipamento de navegação cuja fiação teria sido roubada recentemente, mas o órgão preferiu não se pronunciar. A Infraero é uma das responsáveis por instalar o equipamento nos aeroportos.O especialista em segurança da Air Safety Assessoria Aeronáutica, Luiz Alberto Bohrer, diz que existem muitos fatores que podem ter influenciado na derrapagem. Segundo ele, é preciso saber a espessura da lâmina da água, o estado dos pneus, as condições do reverso, o peso do avião, a velocidade do vento e a temperatura.
Bohrer comenta que, com o ILS, seria possível operar em uma situação mais crítica. Sobre o Grooving, afirma que sua existência poderia facilitar o pouso e o compara com o pneu de um carro. "Se um pneu é novo, não quer dizer que não vai derrapar."
Laudo
O relatório inicial sobre acidente do avião da Passaredo pode sair em 30 dias. A afirmação é do Major Raul de Souza, que trabalha na divisão de investigação e pesquisa do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.
Ele explica que, se forem detectados problemas na pista, o órgão se encarregará de emitir uma recomendação de segurança para que se tomem as providências necessárias. "As correções podem ser feitas ao longo das investigações."
Ele diz que não pode falar o que pode ter contribuído para que o acidente, pois "é preciso levantar a informação correta".
Aeroporto registra atrasos
O aeroporto Leite Lopes registrou nesta segunda-feira (3) vários atrasos ao longo do dia. Um voo da Webjet das 7h50 pousou às 9h59 e decolou às 10h42. O motivo, segundo a empresa, foi o mau tempo. Um voo da Passaredo previsto para decolar de Brasília às 6h55, decolou para Ribeirão somente às 8h36. Outro voo da Passaredo com destino a Guarulhos teve atraso de 1h15. A empresa explica que os dois voos atrasaram também pelo mau tempo.
Um voo da Trip que vinha do Rio de Janeiro às 8h55 pousou às 10h04 devido ao tráfego aéreo na capital fluminense. O voo da Pantanal das 6h30 foi cancelado porque a aeronave não pernoitou no aeroporto, ou seja, não chegou em Ribeirão devido ao mau tempo de domingo à noite. Segundo o Daesp, na parte da tarde, os voos das companhias tiveram atraso médio de duas horas. Na TAM, os voos das 12h55 pousaram às 15h.
Como não há painel no aeroporto, muitos passageiros se irritaram. "Tive de ir a seis lugares para conseguir informações", diz o economista Fausto Soares.
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